sexta-feira, 4 de março de 2011

Antropologia é ciência? Parte de seus membros diz que não

Decisão da Associação Antropológica Americana de retirar a palavra “ciência” de seu plano de atuação de longo prazo acentua divisões internas da disciplina

The New York Times
A antropologia dedica-se ao estudo do homem e da humanidade, abrangendo as raças, etnias e gênero
Antropólogos estão em meio a uma confusão sobre a natureza da profissão e de seu futuro depois que a Associação Antropológica Americana decidiu, em seu recente evento anual, tirar a palavra “ciência” da declaração de seu plano de atuação de longo prazo.

A decisão trouxe à tona tensões que há muito tempo existem entre pesquisadores de disciplinas antropológicas baseadas na ciência – inclusive arqueólogos e antropólogos físicos e culturais – e membros da profissão que estudam raça, etnia e gênero e se vêem como defensores de povos nativos ou direitos humanos. 

Nos últimos dez anos, ambas as facções passaram por uma amarga fase de combate tribal depois que o grupo mais ativo politicamente atacou trabalhos sobre os ianomâmis da Venezuela e do Brasil realizados por Napoleon Chagnon, um antropólogo de linha científica, e James Neel, geneticista falecido em 2000. Com as feridas desse conflito ainda abertas, muitos antropólogos da linha científica ficaram consternados ao saber, no mês passado, que o plano de longo prazo da associação não focaria mais no avanço da antropologia como ciência, mas sim no “entendimento público”.

Até o momento, o plano de atuação da associação era o de “avançar a antropologia como a ciência que estuda a humanidade em todos os aspectos”.  O conselho executivo revisou este tópico no mês passado ao afirmar que: “O propósito desta associação deve ser o de fazer avançar a compreensão pública de humanidade em todos os seus aspectos”. E a declaração foi seguida de uma relação de subdisciplinas que inclui a pesquisa política. A palavra “ciência” foi removida de dois outros trechos na revisão da declaração.

A presidente da associação, Virginia Dominguez, da Universidade do Illinois, disse em e-mail que a palavra tinha sido retirada porque o conselho pretende incluir tanto os antropólogos que não identificam seus trabalhos com a ciência, quanto aqueles que o fazem. Ela acrescentou que a nova declaração poderia ser mais uma vez modificada caso o conselho receba boas sugestões para fazê-lo.

O novo plano de atuação difere da “declaração de princípios” da associação, que segue inalterada e ainda descreve a antropologia como ciência.

Peter Peregrine, presidente da Sociedade de Ciências Antropológicas, filiada à Associação Antropológica Americana, afirmou em e-mail aos membros que as mudanças propostas iriam minar a antropologia americana, e pediu aos seus pares que expressassem suas opiniões.

Peregrine, da Universidade Lawrence, de Wisconsin, disse em entrevista que remover a palavra ciência só faz estourar de vez as tensões entre os dois grupos. “Mesmo que o conselho volte atrás usando a palavra novamente, o leite já foi derramado e está por toda parte”, disse ele.

Ele atribuiu o ocorrido a um ataque realizado por duas correntes dentro da antropologia. Uma é a dos chamados ‘antropólogos críticos’, que vêem a antropologia como um braço do colonialismo e, portanto, algo que deve ser liquidado. A outra é a crítica pós-moderna da autoridade da ciência. “Boa parte disso é como o criacionismo, que rejeita argumentos e pensamentos racionais”, disse Peregrine.

As chamas foram ainda mais atiçadas pelos blogs, como o Psychology Today, de Alice Dreger, uma historiadora da ética da medicina. Em declaração sobre o evento da Associação Antropológica Americana em Nova Orleans, ela escreveu: “Os antropólogos que não são ‘cabeça de vento’ estão se sentindo absolutamente incomodados nesse ambiente que denigre a ciência e promove substancialmente o ativismo à coleta de informações e teorização científica.”

A associação é “uma organização muito atormentada”, disse Dreger durante entrevista. “Quando vou lá é como assistir um casamento ruim que devia ter terminado há anos”, disse ela, em menção aos dois grupos.

Dominguez, a presidente da associação, negou que antropólogos críticos ou o pensamento pós-moderno tenham influenciado a nova declaração. Ela afirmou por e-mail que estava ciente que antropólogos de linha científica já expressaram desaprovação pelos colegas de outros grupos. “Mas eles fazem isso por motivos intelectuais”, ela escreveu no e-mail. “Também tenho consciência de que eles se sentem uma minoria crescente nessa profissão, ou pelo menos dentro da associação e seus próprios departamentos, e a marginalização nunca é uma experiência agradável”.


Arqueólogos encontram vestígios humanos e animais de 10 mil anos, no México

CIDADE DO MÉXICO, 3 MAR (ANSA) - Arqueólogos submarinos encontraram restos humanos e vestígios de fauna de cerca de 10 mil anos atrás em um túnel subaquático de 1.200 metros de profundidade no estado de Quintana Roo, no sul do México.

As descobertas acontecem quatro depois do início da exploração da zona nas cavernas inundadas conhecidas como o nome maia de Aktún-Há, próximo à fronteira com Belize.

Um crânio humano e ossos de fauna pré-histórica, como o do gonfotério, um grande vertebrado extinto, antepassado dos elefantes, foram achados em um local conhecido como "fossa preta".

Redução do cérebro humano, um sinal de civilização, segundo a ciência

WASHINGTON — O cérebro humano tornou-se menor há 30.000 anos, um fenômeno intrigante para os antropólogos que, em maioria, veem nisto um efeito da evolução para sociedades mais complexas, segundo estudos recentes.
No período, o volume médio do cérebro do homem moderno, o Homo sapiens, diminuiu cerca de 10% - de 1.500 a 1.359 centímetros cúbicos -, o equivalente a uma bola de tênis.
O cérebro das mulheres, menor que o dos homens, conheceu proporcionalmente a mesma redução.
As medições foram estabelecidas a partir de crânios encontrados na Europa, Oriente Médio e Ásia, conta o antropólogo John Hawks, da Universidade de Michigan (norte dos Estados Unidos).
"Diria que foi uma grande redução num curto período evolutivo", declarou, em recente entrevista à revista Discover.
Segundo os antropólogos, esta diminuição não é tão surpreendente.