Antropologia Cultural

Por Bruno R. Tasso

É a disciplina que se propõe a estudar as interferências, trocas e interações humanas dentro de ambientes que se interligam, sem esquecer-se do processo de formação e as resultantes desses elementos. O antropólogo tenta ajudar o humano a se entender e a entender as diferenças, o diferente, o outro. Para isso, aprofunda-se qualitativamente nas questões que envolvam choques culturais, as estruturas de organização social, a formação do imaginário, a elaboração de pontos de vistas, a composição de estratégias de sobrevivências e até mesmo o limite de características biológicas na constituição desse panorama frente a um mundo em movimento.
Com essa proposta, a Antropologia Sócio-Cultural tenta expor os diferentes saberes existentes na escala humana, ou seja, o conjunto da lógica e do sensível para cada agrupamento, isso sem isolá-los do resto do planeta. Os gestos; as linguagens; os modos de fazer, de ser, de se organizar; as maneiras de falar, de olhar, de interagir; as formas de sentir; as manifestações artísticas; os valores; as crenças; as trocas e tudo aquilo que faz do humano um ser único, é de interesse da Antropologia. Da mesma forma, questões mais atuais não fogem desse interesse, por exemplo: como os humanos se comportam diante de mecanismos e sistemas globalizantes? Como dispositivos econômicos globais atingem os diferentes agrupamentos humanos?  Qual seria o papel do antropólogo nesse contexto?
Esta é uma disciplina que prepara o pesquisador para entender o humano em sua profundidade, que prepara o pesquisador para chegar perto do sentido que os humanos atribuem a eles mesmos, aos outros e ao mundo visto por seus diferentes olhares. O preparo é feito através de reflexões; debates; leituras; estudos; orientações sobre diversas áreas do conhecimento humano, passando também para os trabalhos de campo, com variações de observação; tempo de pesquisa; tipos de orientações metodológicas; uso de ferramentas tradicionais e modernas, como filmadoras e câmeras fotográficas.

Sua essência crítica é essencial para o avanço nas relações humanas, não somente no esforço diplomático para evitar conflitos e etnocídios, como também refinando debates através de sua interdisciplinaridade. Pois a Antropologia se porta como disciplina chave, podendo integrar-se com qualquer outra.

Atualidade

 Atualmente pode-se dizer que, em várias situações, a Sociologia e a História convergem diretamente com a Antropologia e vice-versa. Não se tornam um corpo só, estão longe disso, mas resultam em novas discussões; aprimoramentos metodológicos; novas ferramentas de auxílio para estudo e estímulos que deveriam aumentar a importância dessas três disciplinas, principalmente por suas características inovadoras e suas potencialidades interdisciplinares.
No entanto, não é esta característica interdisciplinar da antropologia que passa por uma revisão crítica, são sim suas atuais subdivisões em “inacabáveis” especialidades. Pois não se sabe se essas subdivisões (ex: Antropologia do Turismo; Antropologia do Marketing; Antropologia do Esporte e outras) impulsionam o entendimento do todo - ao articular informações separadas num plano geral-,ou, ao fragmentar o humano em várias áreas especializadas, dificulta a compreensão mais ampla do mundo como nosso macro conjunto de diversidades.  Tal fragmentação poderia desestimular ou até mesmo ludibriar a capacidade crítica de pesquisadores, intelectuais e cidadãos comuns, pois dificultaria análises com todos os elementos que regem nossas vidas e que formam nossas mentalidades, nossas maneiras de sentir o mundo. O principal argumento contra essa fragmentação, possivelmente desmedida, ainda seria uns dos principais da antropologia clássica, que prega a busca pelo humano total e teorias gerais que avancem numa perspectiva que possam, ao mesmo tempo, renovar e aprofundar determinados estudos e conhecimentos das ciências humanas. Esse tipo de contribuição tenta explicar, nos explicar.
 Já os argumentos favoráveis às fragmentações, dizem que elas fazem parte da interdisciplinaridade da Antropologia e que muitas vezes, mesmo se elas se apresentam como funcionais, podem ampliar a discussão e os contrapontos em cada área que se infiltrar. Isso quer dizer, que estando no turismo, no marketing e em outras áreas, deve ter como principais focos o comprometimento crítico e o estímulo à progressão da melhoria das relações humanas. Nesse caso, sua principal contribuição deve ser a promoção do máximo de equilíbrio dentro destas áreas, principalmente em relação às mais próximas do mercado, para que assim, não alimente a exploração humana e a degradação do meio-ambiente.